17/07/2014

"Quando fui, quando éramos / intactos projetos imaturos / fomos modernos" (Cazuza)

Lembro-me de uma certa aula de Metodologia Científica em que eu tentava convencer os alunos de que hoje em dia nem é tão complicado seguir as normas da ABNT, pois o computador facilita tudo e que difícil era no meu tempo de graduação. Contei que usávamos régua para medir as margens e fazíamos pequenas marcas a lápis para serem apagadas depois, pois só poderíamos datilografar dentro daquele espaço. E que datilografar era um outro desafio enorme, quem tinha curso de datilografia tinha quase emprego certo naquele tempo. Eu mesma aprendi o básico ASDFG com a mão esquerda, mas quase quebrava o meu dedinho toda vez que tentava apertar a tecla do A, aí apareceu um emprego em uma creche e achei mais emocionante trocar fraldas e limpar babas o dia inteiro do que encarar o restante do curso. O problema é que eu trabalhava de dia nessa creche, a noite ia à faculdade e nos finais de semana tinha que sentar em frente à famigerada máquina de escrever e dedografar os trabalhos da faculdade. O mais legal é que depois de quase esfolar as pontas dos dedos pra conseguir concluir uma página era bem provável ter que recomeçar tudo porque havia uma forte tendência ao erro a partir da 25ª linha. Sim, havia uma fita que usávamos pra "corrigir" o erro, mas a probabilidade de o erro equivaler a uma linha inteira repetida ou a falta de uma linha inteira era de uns 95%. Depois inventaram o corretivo líquido, mas também não era a coisa mais bonita de se apresentar a um professor. Citação longa? eu evitava. Hoje em dia é muito simples, você abre a caixa parágrafo e o trabalho resume-se a selecionar recuo, espaçamento entre parágrafos e linhas, mas naquele tempo éramos quase arquitetos desenhando uma planta (nem quero imaginar o quanto a vida desses profissionais era dura naquele tempo). Contei também que quando começamos a usar computador a tela era verde, a impressora era matricial (ainda tenho pesadelos com aquele barulho) e não existia o Word. Hoje em dia quase ninguém sabe o que é DOS, mas quem começou com os primeiros computadores precisava saber. Digitar um texto era um imenso desafio. Eu tinha uma lista de comandos ao lado do computador e era normal "perder" o trabalho, recomeçar umas três vezes, xingar a tecnologia e até sentir saudades da máquina de escrever. E lá estava eu viajando em meio a poeira de minhas memórias quando vi um alun@ perguntando baixinho ao coleg@ ao lado: - Quantos anos ela tem, afinal? Acreditem, menin@s do século XXI, já vivemos sem toda a parafernália atual, e até que nos virávamos bem no face a face...

Como vivíamos sem?

Tecnologia

Modernidade

Nenhum comentário:

Postar um comentário