16/07/2014

"Sem final feliz ou infeliz...atores sem papel" (E. H.)



Estava almoçando em um restaurante frequentado por vários estudantes, secundaristas ou universitários, quando ouvi parte da conversa da mesa ao lado da minha (muito ao lado, sabe?). Achei a coisa mais linda de ouvir... era um casalzinho de 16 ou 17 anos, sentados um em frente ao outro. Não pareciam ser namorados nem nada do tipo, mas ele contava a ela sobre suas habilidades na cozinha. A primeira coisa que ouvi foi "só não sei cozinhar feijão porque tenho medo da panela, mas arroz eu aprendi a fazer no ano passado". Logo depois ele disse muito satisfeito: "Ah, chá eu sei fazer!" E acrescentou "e café eu gosto de fazer bem forte, gosto dele forte e sem açúcar". Fiquei pensando comigo como é bonito de ver alguém que tem em orgulho em se construir e se revelar, virei fã desse garoto por vários motivos: não teve medo de dizer que tem medo; não acha que cozinha é lugar de mulher ou que lugar de mulher é na cozinha; não tem medo de ser menos homem porque sabe cozinhar (ou tenta); não busca uma mulher para ser sua empregada, mas provavelmente para ser sua parceira - desconfio que será do tipo que divide as tarefas sem neura. A garota com ele se parecia muito comigo aos meus 16: cabelos lisos abaixo do ombro, franja, óculos, e um tantão de timidez nos ombros. Fiquei satisfeita em ver a similitude e a diferença. Talvez as coisas estejam mesmo mudando. A passos lentos, mas mudando...

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