Estava almoçando em um restaurante frequentado por vários estudantes, secundaristas ou universitários, quando ouvi parte da conversa da mesa ao lado da minha (muito ao lado, sabe?). Achei a coisa mais linda de ouvir... era um casalzinho de 16 ou 17 anos, sentados um em frente ao outro. Não pareciam ser namorados nem nada do tipo, mas ele contava a ela sobre suas habilidades na cozinha. A primeira coisa que ouvi foi "só não sei cozinhar feijão porque tenho medo da panela, mas arroz eu aprendi a fazer no ano passado". Logo depois ele disse muito satisfeito: "Ah, chá eu sei fazer!" E acrescentou "e café eu gosto de fazer bem forte, gosto dele forte e sem açúcar". Fiquei pensando comigo como é bonito de ver alguém que tem em orgulho em se construir e se revelar, virei fã desse garoto por vários motivos: não teve medo de dizer que tem medo; não acha que cozinha é lugar de mulher ou que lugar de mulher é na cozinha; não tem medo de ser menos homem porque sabe cozinhar (ou tenta); não busca uma mulher para ser sua empregada, mas provavelmente para ser sua parceira - desconfio que será do tipo que divide as tarefas sem neura. A garota com ele se parecia muito comigo aos meus 16: cabelos lisos abaixo do ombro, franja, óculos, e um tantão de timidez nos ombros. Fiquei satisfeita em ver a similitude e a diferença. Talvez as coisas estejam mesmo mudando. A passos lentos, mas mudando...
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