29/11/2014

Renascimento


Bebeu uns goles de poesia
recitou uns trechos de vinho
deu um sorriso de veludo
saiu com vestido carmim.
 Desejou na igreja
prostrou-se na boate
suou no chuveiro
confessou-se na internet.
 Tomou sorvete na farmácia
leu jornal no supermercado
comprou chicletes na banca
folheou revista no dentista
namorou na bombonière.
Chorou ouvindo piada
riu na hora do rush
deu uma flor ao pedinte
flertou com o moto boy.
Dormiu no cinema
assistiu o trânsito pela sacada
escreveu no espelho
e se olhou no papel.
Na poesia desenhada
no desenho escrito
e naquele nome grafado
rabiscado, rasurado
chorado, maltratado, amaldiçoado, envergonhado.
Não lembrou o futuro,
nem previu o passado.
Dobrou o tempo
e fez um aviãozinho de papel
- voou pela sacada.

Enfim, livre.

Nenhum comentário:

Postar um comentário