Fechávamos os olhos bem fechados, apertando firmemente. Desejávamos com toda a alma e todo coração. Inspirávamos tanto ar quanto fôssemos capazes e depois assoprávamos com muita força.
Diziam que o dente-de-leão quando assoprado levaria nossos desejos aos céus e os anjos e o universo inteiro então conspirariam para a realização deles.
Corríamos ao lado dos pequenos helicópeteros e continuávamos assoprando para que eles não caíssem e nossos desejos não se perdessem.
Olhávamos até perdê-los de vista, ou até a vista cansar de olhar para o infinito. No céu azul de nuvens brancas nossos desejos viajavam docemente. E nós acreditávamos e sonhávamos.
A curiosidade em saber o desejo dos outros era grande, mas o medo de que o desejo não se realizasse por conta disso era maior. Então guardávamos segredos, enviávamos desejos e mantínhamos sonhos.
Não era difícil esperar. Tínhamos todo o tempo do mundo - tempo é o que criança mais tem... e sonhos também!
Eu não me lembro mais das coisas exatas que pedia, mas lembro de que procurava não ser egoísta em meus pedidos - eu sempre queria a felicidade, a paz, a tranquilidade, a segurança, o bem estar para todos.
Julgava que se pedisse algo só para mim, Papai do Céu ficaria aborrecido e não deixaria os anjos e o universo me ajudarem.
Então eu queria ser solidária com todo mundo, porque era minha responsabilidade assoprar o dente-de-leão enviando bons desejos aos céus. A humanidade dependia de mim naquele momento tão pequeno de minha vida, mas de importância tão grandiosa.
Se hoje eu encontrasse um dente de leão e conseguisse acreditar com tanta convicção e firmesa como acreditei outrora, ainda não pediria só por mim. Na verdade tenho um bom pedido em mente caso eu encontre algum por aí.
E, como sempre, esse é o meu segredo. E que os anjos digam amém....
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