01/08/2014

"Eles passarão. Eu passarinho" (Mário Quintana)


O menino encontrou abrigo em cima de uma árvore e estava sobre ela há uma semana. Só que ele é pobre e, para piorar, ele é negro. 

Ele não fez nada que pudesse ser classificado como ameaça, a não ser pela descarada ousadia de exibir sua humilde existência aos moradores classe média.
Por precaução, acharam melhor agredi-lo. Sugeriram uma solução muito sábia para expulsá-lo: cortar a árvore.
Tudo é válido para que do interior da bolha não se veja um edredom furado e um menino pobre que tem a ousadia de invadir o espaço que dá acesso ao templo do consumo. 
Ora, mas que desaforo o desse menino... não bastasse existir ainda tem um livro de mágicas e quer ser passarinho!!! Francamente...

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