08/12/2014

Vícios e virtudes



Num resquício de lucidez
a velhas nau,
mastros rasgados
furados cascos,
tomou-se do vício.
Navio fantasma
saído do cais
para onde jamais
voltará outra vez.
A ferrugem avança
corrói a insensatez
- Não, não tenha piedade!
só desfez e desfez
o que jamais outra vez
sobre o mar estará.
Pirata enlouquecido
quererá retomar,
embebido no vício
irá se envenenar.
O remédio para poucos
guardado está
- Não procures, não peças
já bastam promessas
não cumpridas atrás.
A nau já vai indo
está submergindo,
descansem em paz
fantasmas insanos
enrolados em panos
de um plano mordaz.
Na posta restante
uma carta enviada
selada, endereçada
aos "futuros amantes"
detalha o vício
alerta o precipício
informa o cais
- e nele o remédio
pra curar aquele tédio
de dias atrás.
A nau afunda
no infinito
no mar
no caos particular
afunda, não volta mais.
Os gritos calados
- abafais!
tresloucado pirata
com medalha de lata
- não terás ouro jamais.


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