31/10/2014

Lítera - Domitila (Clipe Oficial)





Eita! Coube direitinho!!

(Conheci hoje, mas juro que foi inspirada em mim... rsrsrs)
♪♫ Ela sabe que se esforça a cada dia mais
e que suas manias são iguais
se for verdade um dia, fugir da rotina
e quem sabe mais...
Ela já não gosta dele como um tempo atrás
e decidir por ele tanto faz
quer se casar um dia, ter outra família
e quem sabe mais...
Ele não cresce no tempo dela
e ela sabe que precisa de um pouco mais
ela diz que busca nele um cara alto astral
que seja mais presente e coisa tal
que possa dividir, viver em paz. ♪♫

12/10/2014

Quanto mais irreal, mais real e quanto mais real, mais irreal


Depois de um dia com batata Dipz, esfirras Habib's, Coca Cola e Cinema com a animação "Festa no Céu" eu e Anne voltávamos para casa. Ao esperar o "Jardim do Lago" no terminal, um tubarão cor de rosa passou voando por nós. E ficamos olhando alucinadas para ele. A Anne comentou que o mais surreal (sim, ela usou essa palavra mesmo) eram os peixinhos felizes na barriga do tubarão, felizes por terem sido devorados. Ficamos olhando o tubarão rosa voar e voar a nossa frente até que ele se encontrou com dois trens e um Minion, do Meu Malvado Favorito. Naquela reunião de balões de gás, o Minion saiu voando como na cena do filme em que um deles levita ao beber um tônico. E olhando para aquele Minion super "real" subindo aos ares chegamos a conclusão de que quanto mais irreal, mais real e quanto mais real, mais irreal. Que belo fim para o nosso dia das crianças..


Mensageiro dos desejos


Fechávamos os olhos bem fechados, apertando firmemente. Desejávamos com toda a alma e todo coração. Inspirávamos tanto ar quanto fôssemos capazes e depois assoprávamos com muita força. 

Diziam que o dente-de-leão quando assoprado levaria nossos desejos aos céus e os anjos e o universo inteiro então conspirariam para a realização deles.
Corríamos ao lado dos pequenos helicópeteros e continuávamos assoprando para que eles não caíssem e nossos desejos não se perdessem. 
Olhávamos até perdê-los de vista, ou até a vista cansar de olhar para o infinito. No céu azul de nuvens brancas nossos desejos viajavam docemente. E nós acreditávamos e sonhávamos. 
A curiosidade em saber o desejo dos outros era grande, mas o medo de que o desejo não se realizasse por conta disso era maior. Então guardávamos segredos, enviávamos desejos e mantínhamos sonhos. 
Não era difícil esperar. Tínhamos todo o tempo do mundo - tempo é o que criança mais tem... e sonhos também!
Eu não me lembro mais das coisas exatas que pedia, mas lembro de que procurava não ser egoísta em meus pedidos - eu sempre queria a felicidade, a paz, a tranquilidade, a segurança, o bem estar para todos. 
Julgava que se pedisse algo só para mim, Papai do Céu ficaria aborrecido e não deixaria os anjos e o universo me ajudarem. 
Então eu queria ser solidária com todo mundo, porque era minha responsabilidade assoprar o dente-de-leão enviando bons desejos aos céus. A humanidade dependia de mim naquele momento tão pequeno de minha vida, mas de importância tão grandiosa. 
Se hoje eu encontrasse um dente de leão e conseguisse acreditar com tanta convicção e firmesa como acreditei outrora, ainda não pediria só por mim. Na verdade tenho um bom pedido em mente caso eu encontre algum por aí.
E, como sempre, esse é o meu segredo. E que os anjos digam amém....

08/10/2014

Viva o Nordeste! - e basta de preconceitos!

Não sou nordestina, nem sou pobre. Já fui, já fomos pobres. Muito, muito pobres mesmo. Nunca fomos vagabundos ou acomodados como falam por aí sobre quem é pobre, mas mesmo trabalhando muito, batalhando muito, estudando muito... éramos pobres, continuávamos pobres e continuaríamos pobres se os rumos da política brasileira não tivessem mudado.
Não posso aceitar ideais de direita por esse simples motivo: sou do povo - sei o que é passar frio, sei o que é morar numa casinha muito simples, sei o que é comer feijão com arroz, sei o que é contar moedinhas pra comprar o pão e o leite, sei o que é ralar trabalhando o dia inteiro pra fazer faculdade à noite, cansada, com sono, com fome, com frio.
Sei pelo que vivi e pelo que vivemos, meus pais e meus irmãos todos - principalmente os mais velhos. Concordo que ainda falta muito, concordo que existem erros, concordo que precisamos melhorar - mas não se melhora andando pra trás, não se muda com o velho, não há inclusão pela exclusão.
Não sou pouco informada, FHC. Apesar de toda a pobreza imposta por quem sempre esteve no poder, nós sempre estudamos muito. Minha mãe fez duas faculdades e uma pós-graduação. Somos 10 irmãos que lemos, estudamos, nos informamos - somos doutores, mestres, especialistas, bacharéis, técnicos - apesar de você e sua turma.
Não sou nordestina, mas poderia ser porque não vejo diferença entre ser isso ou aquilo - somos todos humanos e deveríamos desejar o bem estar comum, não a perpetuação de uma elite rancorosa e cheia de ódio
.

03/10/2014

Dia das crianças

 min · Editado ·


Clima de dia das crianças no ar e a gente embarca nessa história de voltar no tempo e caçar memórias quase perdidas. 
Olhando para essa garotinha loira do cabelo bagunçado e toda suja de terra, em cima do "trambolho" eu vejo o quanto ainda me pareço com ela. Não sou a pessoa que mais valoriza aparência no mundo, sou um tanto descuidada com essa tal coisa de moda e é provável que você já tenha me encontrado por aí com um belo par de havaianas, camiseta, shorts e cabelo amarrado sem sequer um batom na cara. 
Cresci em meio a uma turma de 8 irmãos mais velhos e com uma irmãzinha mais nova a quem eu achava que deveria cuidar. E como se não bastassem meus irmãos todos, ainda tive um amigo imaginário chamado Paulício. 
Brincávamos e brigávamos de todas as formas possíveis e imagináveis. Subíamos em árvores, puxávamos carrinho, jogávamos bola, brincávamos de boneca.
Eu me lembro de ser a Zizi, em apuros porque o Gato Gatuno, interpretado pelo Jorge, sempre queria me importunar, mas o Super Mouse, que era a Eloísa, sempre vinha para me salvar. Também me lembro de ter sido convencida não sei por quem e nem por que a subir o mais alto que eu pudesse em uma árvore - e de ficar chorando lá em cima porque tinha medo e não conseguia descer...
Fui proprietária de fazendas. Inúmeras fazendas. Primeiro localizávamos os gravetos para fazer a cerca, depois os quebrávamos cuidadosamente para ficarem do mesmo tamanho. Em seguida eles eram transportados na caçamba de um caminhão e, quando chegavam ao destino, eram firmados na terra com a ajuda de uma pedra. Se a terra estivesse muito seca, inventávamos um caminhão pipa e o problema estava resolvido. Feita a cerca, plantávamos qualquer coisa pra fazenda ficar verde e bonita. Depois a destruíamos, para ter o que fazer novamente no outro dia.
Tomávamos banho de chuva e soltávamos barquinhos de papel na correnteza. E corríamos ao lado deles até vê-los desmanchando na água. 
Construíamos casa para gatos - na verdade mansões para gatos. Com muitas caixas - casas de vários pisos, com escadarias. E não entendíamos porque os gatos resistiam tanto em morar nelas.
Fazíamos casas para Barbies ou Susies, ou qualquer boneca - afinal o legal era só montar a casinha, a imensa casinha. Terminada a montagem, não entendíamos porque, acabava a graça.
Em dias de chuva éramos modelistas. Criávamos muitos modelos de roupas para nossas bonecas de papel. Passávamos a tarde desenhando, pintando e recortando roupas. Quando cansávamos das bonecas de papel, pegávamos agulha, linha e um belo saco de retalhos que buscávamos na costureira e fazíamos para "bonecas de verdade".
Ou então eu copiava receitas no caderno de receita, acho que peguei gosto pela cozinha assim - mais tarde comecei a testá-las incluindo pedidos de ingredientes na lista de compras que a mamãe fazia. 
Fui professora antes de ser professora. Uma lousa de brincadeira, cadeirinhas arrumadas em fila, caixinha de giz que eu pegava da mamãe. Preparava aulinhas, fazia atividades, provas, caderno de chamada. 
Fui Xuxa com dois rabinhos do lado da cabeça. Brincávamos de fazer o show, sabíamos todas as músicas de cor, reinventamos as Paquitas, o Praga, o Dengue. 
Ficávamos hipnotizadas olhando o cirquinho que vinha junto com os discos de vinil da Turma do Balão Mágico - naquele tempo olhar algo colocado em cima de um disco que girava dava uma super ilusão de movimento e a gente viajava olhando a mesma imagem rodando infinitamente.
Tomávamos suco de vinho. Refrigerante de gengibre. Guaraná de garrafa misturado com chá. Ki-suco (e a língua ficava colorida uns três dias).
Fazíamos bolhas de sabão; peteca com sabugo de milho e penas de galinha; bate-bate com embalagem de Q-boa e sacos plásticos de leite. Parecíamos tatus cavando buracos na areia ou minhocas fazendo túneis.
Brincávamos de caça ao tesouro. Balançávamos-nos na rede quase até sair voando. Brincávamos de "se esconder" até altas horas da noite. Pulávamos elástico. Morríamos de medo do fantasma do "HZ". 
Fazíamos comida de verdade em lata velha e enferrujada em um fogão de tijolo movido a qualquer coisa seca que queimasse - tivemos sorte em não morrer com o fogo ou com alguma bactéria. 
Queimávamos bombril - rodando, rodando, rodando - era melhor que ver fogos de artifício!
Comíamos guabijú, amora (cê gosta de amora? vou contar pro teu pai que tu namora!), pitanga, ariticum e quebrávamos caroço de butiá - provavelmente comíamos mais tijolo que a minúscula amêndoa, mas quem se importava?
Queimei meu joelho ao erguer com um galho os pedaços de plástico queimado para vê-los caindo enquanto derretiam. Cortei minha perna com uma faca que ficou pra fora da sacola em um dos acampamentos que fizemos. Quebrei o nariz tomando banho de piscina de plástico na casa da vizinha. Quebrei meu braço correndo e quicando bola. 
Com medo de me despedir da infância, aos 14 anos aprendi a costurar na máquina preta de pedal, uma Singer. Afinal, costurar roupas para bonecas não era exatamente brincar de boneca - ou era?
Então veio o magistério e, com ele, o primeiro estágio na creche Chapeuzinho Vermelho - e achei que não pegaria bem se a professora brincasse com as mesmas coisas que os alunos brincavam. Então larguei as bonecas - um pouquinho tarde para os outros, mas não para mim. 
Aos poucos os gostos foram mudando e a Xuxa e o Balão Mágico ficaram para trás. De repente outras vozes passaram a dar sentido aos dias - Engenheiros, Nenhum de Nós, Rosa Tattooada, Legião Urbana. De repente outros gostos, outros amigos, outros sonhos. 
De repente a garotinha dos cabelos loiros não era mais loira, nem andava mais de "trambolho". De repente ela foi obrigada a crescer, mas não muito porque afinal de contas é sempre bom poder andar de cabelo despenteado com cara de quem tá nem aí... ou nem aqui....