07/11/2012

Nos tempos da K7




Podia não ser muito prático, mas era um tempo muito bom. Eu juntava os trocados pra comprar as K7 no camelô e ficava a tarde inteira esperando tocar AQUELA música. E morria de raiva quando, quase no finalzinho da gravação, vinha aquela voz rouca e arrastada dizer "band fm" ou "love songs" ou algo do tipo. 
Pegar o começo da música era coisa para ninja!! E quase sempre os barulhinhos dos botões sendo soltos apareciam juntos... Às vezes alguma K7 do papai dava bobeira por cima dos balcões e, depois de me certificar que não estragaria horas de declamações nos CTGs, corria fazer novas play list.
Cheguei a mandar gravar algumas fitas na "Discolândia" com as minhas favoritas, mas elas eram frias... não tinham a emoção de pegar a música no ar. Minha avó Valesca dizia que sabia quando eu estava em casa, por causa do rádio ligado. 
Foram anos e anos assim. Ouvindo, gravando, levando para nossas festinhas de garagem. Claro que a facilidade dos aparatos de hoje é imensa, mas minha caixinha de K7 era um mundo de histórias, de amores e desamores, de perdas e ganhos, de sonhos da adolescência e de desejos de futuro...